Com a chegada das baixas temperaturas, o Rio Grande do Sul tem enfrentado um aumento expressivo nos casos de doenças respiratórias.
Somente nas duas primeiras semanas de maio, o estado registrou mais de 400 hospitalizações por gripe, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Trata-se do maior número dos últimos anos, o que levou o governo estadual a decretar emergência em saúde pública, em razão do crescimento das internações.
As doenças respiratórias mais comuns nesta época do ano incluem o resfriado comum, a gripe (influenza), bronquite, bronquiolite, pneumonia e sinusite. Além dessas, quadros crônicos como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) costumam se agravar durante o inverno.
De acordo com Lucélia Cardoso, docente do curso de Enfermagem da Estácio Porto Alegre, o clima mais frio e seco favorece o aumento de casos por diversos fatores. “O ar mais seco resseca a mucosa que protege o sistema respiratório, reduzindo a defesa natural do organismo. Além disso, no frio, é comum permanecermos em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que facilita o contato com superfícies contaminadas e aumenta a propagação de vírus e bactérias”, explica a especialista.
Os sintomas das infecções respiratórias podem ser divididos entre leves e sinais de alerta. Os leves são mais comuns e incluem espirros, coriza, dor de garganta, tosse, febre e dores no corpo. Já os sinais de alerta, mais preocupantes, indicam possível agravamento do quadro e exigem atenção médica imediata.
Entre eles, destacam-se a febre alta e persistente, dificuldade para respirar, dor no peito ao inspirar e tosse com presença de sangue. Em crianças, é importante observar sintomas como respiração muito rápida, esforço para respirar (com retração da musculatura entre as costelas), dificuldade para mamar ou se alimentar, além de choro fraco ou gemência.
Lucélia Cardoso ressalta que os principais grupos de risco neste período são os idosos com mais de 60 anos, crianças menores de cinco, gestantes, pessoas com doenças crônicas como diabetes, asma, doenças cardíacas e renais, além de imunocomprometidos, obesos e tabagistas.
Segundo ela, a prevenção é possível com medidas simples e eficazes. Entre os cuidados recomendados estão a higienização frequente das mãos, a proteção da boca e do nariz ao tossir ou espirrar, a manutenção de ambientes ventilados mesmo nos dias mais frios, a higiene nasal com soro fisiológico e a ingestão regular de líquidos como água e chás, que ajudam a manter a mucosa hidratada e funcional. Também é importante evitar aglomerações e manter o corpo bem protegido com roupas adequadas ao clima.
Outro ponto destacado pela docente é a importância da vacinação. “As vacinas ajudam a controlar a circulação de agentes patogênicos na comunidade e reforçam as defesas do organismo contra possíveis infecções. Elas são fundamentais para proteger os grupos mais vulneráveis, inclusive aqueles que, por alguma razão, não puderam se vacinar”, afirma.
A rede pública oferece imunizantes como a vacina contra a influenza e a covid-19 para os grupos prioritários, além de outras que compõem o calendário nacional de imunização, como as vacinas pneumocócica, DTPa e contra o haemophilus influenzae tipo B, indicadas para crianças e outros públicos conforme avaliação médica.
Mesmo quando a infecção não é evitada completamente, estar vacinado reduz consideravelmente o risco de complicações graves, como pneumonias e insuficiência respiratória, além de diminuir a mortalidade associada a essas doenças.
Para Lucélia, manter a caderneta de vacinação em dia é também uma forma de colaborar com o bom funcionamento do sistema de saúde, que já enfrenta sobrecarga durante o período de inverno.
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